top of page

Isabel do Carmo: a veia feminina do 25 de Abril
 

Nascida em pleno regime fascista, a setembro de 1940, Isabel do Carmo é medica e ativista portuguesa. Natural do concelho de Setúbal, da cidade do Barreiro, tomou consciência do mundo em que vivia e das lutas que previa enfrentar, ainda na tenra idade. Antes da Revolução dos Cravos, Isabel do Carmo foi “Iva”, foi “Elisa” e viveu clandestina. Protagonizou diversos atentados ao Estado Novo, passou a fronteira com uma bomba escondida na bagageira do carro e, entre uma vida cheia de histórias, sempre lutou pela democracia, “num país pobre atrasado do século XX”. Em entrevista ao Jornal 2, salienta a alegria e desafogo do início da liberdade, para todos aqueles que se encontravam na clandestinidade.

Em casa, o pai, militante do PCP, influenciou-lhe as escolhas. O seu temperamento aguerrido, como a própria descreve, fez o resto. Começou por estudar no liceu de Setúbal, mas aos 15 anos frequentava o liceu Maria Amália, em Lisboa. Sendo o Barreiro uma terra de longa tradição antifascista, Isabel do Carmo conhecia pessoas que militavam, gente que tinha sido presa, que tinha partido para a guerra de Espanha, e alguns que tinham sido deportados para o Tarrafal. Hoje, considera que era difícil escapar a esse ambiente e que se não se tivesse entregado à luta ter-se-ia sentido uma traidora. Foi presa e interrogada pela PIDE diversas vezes e mostra-se orgulhosa por ter tido um papel no fim da ditadura. Lembra o papel das mulheres nas conquistas alcançadas ainda que, passados 50 anos, não sejam “muito lembradas”.

Isabel do Carmo é licenciada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e, enquanto dirigente da Comissão Pro-Associação, participou nas revoltas estudantis de 1962. Foi a primeira mulher a pedir a palavra em assembleias essencialmente masculinas. Foi também dirigente da Ordem dos Médicos, até ao seu encerramento pelo Estado Novo, em 1972.

Frutos de duas, de entre as três relações que teve ao longo da vida, nasceu Isabel Lindim e Sérgio André do Carmo Antunes. Em conjunto com o pai de um dos filhos, Carlos Antunes, fundou o grupo Brigadas Revolucionárias (BR), em 1970, marcado, essencialmente pelas ideologias de extrema-esquerda e por se ter tornado uma das figuras proeminentes da associação. Em 1973, criou o Partido Revolucionário do Proletariado (PRP). No 25 de Novembro verificou que o projeto revolucionário em que acreditara tinha sido derrotado. Acredita que teria havido uma grande reviravolta na Europa se em Portugal tivesse triunfado um poder revolucionário novo.

partir daí ficou à espera de ser presa, o que acabou por acontecer em 1978, acusada de "autoria de ações armadas".

Após o 25 de Abril, dirigiu o jornal Revolução Porta-Voz do PRP – Brigadas Revolucionárias e foi uma das figuras mais destacadas do Processo Revolucionário em Curso (PREC). A 25 de abril de 2004, por ocasião do 30o aniversário da Revolução dos Cravos, foi feita comentadora da Ordem da Liberdade, pelo presidente Jorge Sampaio. Atualmente, com 83 anos, mantém-se como uma voz ativa na defesa dos direitos humanos, do feminismo e da liberdade

bottom of page